domingo, 24 de julho de 2011

Orientação aos Pais

Processo de Alfabetização
Muitos pais se questionam quanto às novas metodologias de ensino. Questionam-se os motivos pelos quais as crianças não são mais alfabetizadas como os mesmos foram. Percebendo tais questionamentos e dúvidas, preparamos esta orientação, a fim de auxiliá-los na compreensão deste processo.

Na metodologia tradicional, o processo de aprendizagem da escrita e leitura baseava-se no ensino a partir das letras, em seguida das sílabas, palavras e por fim os textos. Acreditava-se que a criança ingressava na escola sem nenhum tipo de conhecimento a respeito do sistema de escrita. Nesta metodologia a criança deve combinar elementos isolados da língua: sons, letras e sílabas, e a aprendizagem se dá de forma mecânica, através da memorização. Há, então, uma grande dificuldade de avaliar o que a criança já sabe, pois ela apenas repete de forma mecânica aquilo que “treinou”. A repetição excessiva de exercícios de fixação leva à falsa impressão de que a criança está aprendendo.

Na concepção sócio-interacionista, por outro lado, a aprendizagem da escrita e leitura se dá por meio de experiências nas quais a criança coloca em jogo todos os seus conhecimentos. Esta concepção parte do princípio de que a criança ingressa na escola com conhecimentos prévios sobre o sistema de escrita, pois vive em uma sociedade letrada. Nesta metodologia, a aprendizagem da leitura e escrita parte do todo (textos) para as partes (palavras, sílabas, letras). Não se trata mais de ensinar a língua, com regras e em partes isoladas, mas de incorporar as ações que envolvem textos e ocorrem no cotidiano. Nas experiências propostas pelo professor, a criança tem a oportunidade de refletir sobre o sistema de escrita, e não apenas memoriza a relação entre grafemas (letras) e fonemas (sons). A partir de atividades de escrita que exijam da criança raciocínio, reflexão, levantamento de hipóteses, entre outras habilidades, o aprendizado da escrita e leitura se dá de forma eficaz. Este aprendizado passa a ser contínuo, e não fragmentado. A partir do momento em que a criança compreende este sistema de escrita, é capaz de aplicá-lo às mais diversas situações do cotidiano. Situação totalmente diferente do método tradicional, no qual a criança deveria aprender todas as famílias silábicas para só depois ser capaz de produzir ou ler textos.
A avaliação do que a criança já sabe torna-se mais realista, pois ao produzir escritas, o professor sabe exatamente o que esta criança já sabe, e em quais aspectos precisa fazer intervenções.

E como se dá o processo de ensino-aprendizagem? Quais são as atividades propostas para que a criança se aproprie do sistema de escrita e leitura?

As atividades propostas são aquelas em que a criança deve refletir, levantar hipóteses, utilizar diferentes estratégias para ler e escrever.
Os textos têm significativa importância neste processo, e são utilizados das mais variadas formas. A leitura de textos de memória (parlendas, cantigas, entre outros) são utilizados para que a criança leia mesmo sem saber ler, ou seja, com textos que ela já conhece de memória, identifica palavras, faz a marcação da leitura, percebe a segmentação entre as palavras, entre outras habilidades.
A professora utiliza textos de diferentes gêneros para que a criança entre em contato com o sistema de escrita em seu uso social. São utilizados textos como poemas, receitas, regras de jogos, narrativas, bilhetes, cartas, entre outros. Situação bem diferente daquelas encontradas em cartilhas tradicionais, onde as frases e textos utilizados eram fora de contexto e sem significado. Frases como “O boi baba.”, ou “O dedo de Dudu dói.” eram utilizadas para que a criança memorizasse as famílias silábicas que estava estudando.
Dentro desta metodologia sócio-interacionista, a criança é desafiada constantemente a escrever de forma “espontânea”, ou seja, utilizando os conhecimentos que possui. Com isso, a professora faz as intervenções necessárias para que a criança possa avançar.
Estas intervenções devem ser feitas de forma a levar a criança a pensar sobre a sua escrita e as convenções da língua, e nunca de forma a oferecer respostas imediatas às suas perguntas.
A autonomia e a ousadia da criança que é alfabetizada dentro desta concepção é algo que nos surpreende. Ela se sente confiante e desafiada a escrever, independentemente dos “erros” que possa cometer.

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