segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

LEIA NOVA ESCOLA:

http://revistaescola.abril.com.br/volta-as-aulas/

Volta às aulas

Volta às aulas

Professores e gestores: vocês estão preparados para 2012? Confira como organizar a escola para a chegada dos alunos e planejar a retomada das atividades nas primeiras semanas do ano letivo

VOLTA ÀS AULAS PARA A TURMA DO 1º ANO

Organizar a rotina da alfabetização

Antes de receber a turma de alfabetização, o professor deve planejar que atividades vão proporcionar o contato sistemático e significativo com práticas de leitura e de escrita

PROPONHA A LEITURA 
 O planejamento precisa contemplar tarefas que favoreçam o confronto com o texto desde os primeiros dias de aula.
Foto: Tatiana Cardeal
Aos 5 ou 6 anos de idade, as crianças percebem mais claramente que existem outras formas de representar o mundo sem ser por meio de desenhos cheios de traços e cor. Descobrem, enfim, a presença e a importância da escrita, que permite a todos comunicar ideias e opiniões por meio, por exemplo, de cartas, bilhetes, notícias e poemas. Mas, para que cada um dos pequenos dê esse grande salto no aprendizado, é preciso que a atuação do professor no Ensino Fundamental de nove anos esteja ajustada a esse propósito.
O passo inicial é definir com antecedência as atividades que vão fazer do ano letivo um encadeamento de descobertas, cada uma delas mais desafiante que a outra. "O educador precisa ter uma visão geral do trabalho para prever em que ritmo as propostas de leitura e escrita vão se aprofundar ao longo do período", explica a professora argentina Mirta Torres, especialista em didática da leitura e da escrita.

Segundo Mirta, nesse planejamento é importante considerar que cada criança já está em processo de alfabetização. "Antes de irem para a escola, os pequenos tiveram contato com práticas de leitura e de escrita, com maior ou menor grau de espontaneidade, ao escutar os pais lerem histórias, ao folhearem livros ou ao verem adultos e outras crianças escreverem", pontua. O que muda é que na escola esse processo passa a ser intencional e sistemático, ganhando sentido e contando com a participação ativa de cada estudante.
Para chegar ao detalhamento da rotina semanal de uma classe de 1º ano, o educador precisa ter clareza de que itens devem ser combinados e com que regularidade devem ser praticados para permitir às crianças entender em que situações se lê e se escreve, para que se lê e se escreve e quem lê e escreve. "E não é necessário ter sempre novidades programadas. A continuidade dá segurança aos alunos e, associada à diversidade de assuntos, amplia o repertório deles", explica Debora Samori, pedagoga e formadora de professores do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac). Um planejamento acertado contempla três tipos de atividade.

1. Atividades permanentes São essenciais para o processo de alfabetização. Por isso, devem ser praticadas diariamente ou com periodicidade definida e em horário destinado exclusivamente a elas. Incluem:

1. A leitura pelo professor, feita diariamente, em voz alta, caprichando na entonação para aumentar o interesse e tomando cuidado para variar os gêneros durante o ano: contos, cartas, notícias, poemas etc.

2. A leitura pelos alunos, feita em dias alternados com atividades de escrita, sempre tendo como objeto textos que eles conheçam de cor, como cantigas, parlendas, trava-línguas, textos informativos etc.

3. A escrita pelas crianças, feita em dias alternados com atividades de leitura, tendo como objeto a produção de listas de nomes de colegas, de frutas, de brinquedos etc., que podem ser escritas pelos estudantes com lápis e papel ou com letras móveis.

4. A produção de texto oral com destino escrito, feita em dias alternados com atividades de leitura, quando os alunos criam oralmente um texto e o ditam para o professor, trabalhando o comportamento escritor.

2. Sequências de atividades São organizadas para atingir diversos objetivos didáticos relacionados ao ensino e à aprendizagem da leitura e da escrita. Necessariamente apresentam um nível progressivo de desafios. A duração varia de acordo com o conteúdo eleito. Pode levar dois meses ou chegar a quatro, sendo praticada duas ou três vezes por semana. Visam levar as crianças a construir comportamentos leitores associados a propósitos como ler para aprender, ler para comparar diferentes versões de uma mesma obra e ler para conhecer diversas obras de um mesmo gênero. Em um bimestre, pode ter como objetivo trabalhar a leitura de contos de autores variados. Em outro, pode eleger a leitura de seções de jornal para que a turma se habitue a outro tipo de texto.

3. Projetos didáticos São formas de organização dos conteúdos escolares que contribuem para a aprendizagem da leitura e da escrita ao articular objetivos didáticos e objetivos comunicativos. A sequência de ações de um projeto culmina na elaboração de um produto final (um livro de receitas saudáveis para as merendeiras da escola, uma gravação em CD ou fita cassete com a leitura de poesias para alunos de Educação de Jovens e Adultos, um jornal de bairro a ser distribuído para a comunidade etc.). Pode durar todo um semestre e ter ou não conexão com o projeto didático proposto para o segundo semestre. No primeiro, por exemplo, os alunos ouvem a leitura de poesias e decidem quais farão parte de um livro escrito pelo professor (que atua como escriba) e ilustrado por eles. A destinação da obra deve ficar clara. Pode ser o acervo de livros da professora, a biblioteca da escola, a família das crianças ou colegas de outra turma. No segundo semestre, uma proposta poderia ser a leitura pelos alunos de poesias que sabem de memória para depois serem declamadas em público em um sarau organizado por eles, reunindo os pais, os estudantes e a comunidade.

Avaliar sempre  
PEÇA QUE ESCREVAM  
Redigir textos, como listas ou cantigas memorizadas, é uma das quatro situações didáticas que devem estar sempre na agenda.
Foto: Marcos Rosa
Com base nas atividades essenciais e a frequência com que devem ser realizadas, o professor pode fazer uma programação detalhada do que vai trabalhar durante o ano (veja um exemplo no quadro abaixo). Após essa distribuição, é possível fazer agendas de 15 ou até 30 dias de aulas, dia após dia, de segunda a sexta-feira. Essa é uma etapa de grande importância no planejamento. Nela, os projetos didáticos e as sequências de atividades também são elaborados em detalhes, definindo-se justificativas, tempos de duração, materiais necessários, aprendizagens desejáveis e desenvolvimento passo a passo.

Colocar tudo no papel faz pensar na forma de realização das atividades, além de antecipar a necessidade de separação ou de compra de materiais: que livros devo ter à mão para ler aos alunos? Quais voltarei a ler ao longo do ano? Quais devo ter em maior quantidade para permitir que todos acompanhem a leitura? Como escreveremos a lista de nomes dos alunos? Como eles vão se apresentar à turma?

Outro cuidado importante é, logo nas primeiras atividades, identificar que habilidades, conhecimentos e dificuldades cada aluno traz de suas experiências de vida, seja em casa, seja na escola. "Esse é o momento de observar, tomar nota e refletir sobre a atuação de cada um em tarefas coletivas, em atividades realizadas em duplas ou trios e em momentos de trabalhos individuais, o que permitirá acompanhar a evolução dela no ano", orienta a pedagoga Debora Samori.

A classe pode ter crianças em diferentes níveis de conhecimento em relação à escrita. O professor não deve encarar isso como um problema. Cada aluno é importante e traz características que devem ser identificadas e aproveitadas. A orientação é ajustar o foco, pensar nas possibilidades de interação e troca e seguir em frente com o trabalho.

Há uma infinidade de descobertas a serem feitas por seus futuros leitores e escritores, e eles vão precisar de muitos desafios para dizer o que pensam e compreender o que leem.

VEJA MAIS EM: http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/planejamento/organizar-rotina-431326.shtml

domingo, 24 de julho de 2011

Orientação aos Pais

Processo de Alfabetização
Muitos pais se questionam quanto às novas metodologias de ensino. Questionam-se os motivos pelos quais as crianças não são mais alfabetizadas como os mesmos foram. Percebendo tais questionamentos e dúvidas, preparamos esta orientação, a fim de auxiliá-los na compreensão deste processo.

Na metodologia tradicional, o processo de aprendizagem da escrita e leitura baseava-se no ensino a partir das letras, em seguida das sílabas, palavras e por fim os textos. Acreditava-se que a criança ingressava na escola sem nenhum tipo de conhecimento a respeito do sistema de escrita. Nesta metodologia a criança deve combinar elementos isolados da língua: sons, letras e sílabas, e a aprendizagem se dá de forma mecânica, através da memorização. Há, então, uma grande dificuldade de avaliar o que a criança já sabe, pois ela apenas repete de forma mecânica aquilo que “treinou”. A repetição excessiva de exercícios de fixação leva à falsa impressão de que a criança está aprendendo.

Na concepção sócio-interacionista, por outro lado, a aprendizagem da escrita e leitura se dá por meio de experiências nas quais a criança coloca em jogo todos os seus conhecimentos. Esta concepção parte do princípio de que a criança ingressa na escola com conhecimentos prévios sobre o sistema de escrita, pois vive em uma sociedade letrada. Nesta metodologia, a aprendizagem da leitura e escrita parte do todo (textos) para as partes (palavras, sílabas, letras). Não se trata mais de ensinar a língua, com regras e em partes isoladas, mas de incorporar as ações que envolvem textos e ocorrem no cotidiano. Nas experiências propostas pelo professor, a criança tem a oportunidade de refletir sobre o sistema de escrita, e não apenas memoriza a relação entre grafemas (letras) e fonemas (sons). A partir de atividades de escrita que exijam da criança raciocínio, reflexão, levantamento de hipóteses, entre outras habilidades, o aprendizado da escrita e leitura se dá de forma eficaz. Este aprendizado passa a ser contínuo, e não fragmentado. A partir do momento em que a criança compreende este sistema de escrita, é capaz de aplicá-lo às mais diversas situações do cotidiano. Situação totalmente diferente do método tradicional, no qual a criança deveria aprender todas as famílias silábicas para só depois ser capaz de produzir ou ler textos.
A avaliação do que a criança já sabe torna-se mais realista, pois ao produzir escritas, o professor sabe exatamente o que esta criança já sabe, e em quais aspectos precisa fazer intervenções.

E como se dá o processo de ensino-aprendizagem? Quais são as atividades propostas para que a criança se aproprie do sistema de escrita e leitura?

As atividades propostas são aquelas em que a criança deve refletir, levantar hipóteses, utilizar diferentes estratégias para ler e escrever.
Os textos têm significativa importância neste processo, e são utilizados das mais variadas formas. A leitura de textos de memória (parlendas, cantigas, entre outros) são utilizados para que a criança leia mesmo sem saber ler, ou seja, com textos que ela já conhece de memória, identifica palavras, faz a marcação da leitura, percebe a segmentação entre as palavras, entre outras habilidades.
A professora utiliza textos de diferentes gêneros para que a criança entre em contato com o sistema de escrita em seu uso social. São utilizados textos como poemas, receitas, regras de jogos, narrativas, bilhetes, cartas, entre outros. Situação bem diferente daquelas encontradas em cartilhas tradicionais, onde as frases e textos utilizados eram fora de contexto e sem significado. Frases como “O boi baba.”, ou “O dedo de Dudu dói.” eram utilizadas para que a criança memorizasse as famílias silábicas que estava estudando.
Dentro desta metodologia sócio-interacionista, a criança é desafiada constantemente a escrever de forma “espontânea”, ou seja, utilizando os conhecimentos que possui. Com isso, a professora faz as intervenções necessárias para que a criança possa avançar.
Estas intervenções devem ser feitas de forma a levar a criança a pensar sobre a sua escrita e as convenções da língua, e nunca de forma a oferecer respostas imediatas às suas perguntas.
A autonomia e a ousadia da criança que é alfabetizada dentro desta concepção é algo que nos surpreende. Ela se sente confiante e desafiada a escrever, independentemente dos “erros” que possa cometer.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

 
Em Psicopedagogia da linguagem escrita, Ana Teberosky propõe:
Escrever o próprio nome parece uma peça-chave para começar a compreender a maneira pela qual funciona o sistema de escrita. Por esse motivo, propomos uma possível iniciação do ensino da leitura e sua interpretação a partir do próprio nome da criança, pelas seguintes razões:
1. Tanto do ponto de vista lingüístico como gráfico, o nome próprio de cada criança é um modelo estável.
2. Nome próprio é um nome que se refere a um único “objeto”; com o que se elimina, para a criança, a ambigüidade na interpretação.
3. Nome próprio tem valor de verdade, porque se refere a uma existência, a um saber compartilhado pelo emissor e pelo receptor.
4. Do ponto de vista da função, fica claro que marcar, identificar objetos ou indivíduos faz parte dos intercâmbios sociais da nossa cultura.
5. Do ponto de vista da estrutura daquilo que está escrito, a pauta lingüística e o referente coincidem, e essa coincidência facilita a passagem de um símbolo qualquer para um objeto qualquer em direção à atribuição de um símbolo determinado para indivíduos que não são membros indeterminados de uma classe, mas seres singulares e concretos.
A escrita de nomes próprios é uma boa situação para trabalhar com modelos, uma vez que informa sobre as letras, a quantidade, a variedade, a posição e a ordem delas, além de servir de ponto de
Aprender a escrever determinadas palavras de seu universo pode servir de referência para o aluno produzir depois seus textos escritos. Por exemplo: a lista de frutas preferidas pela turma, dos objetos escolares e outras. Isso amplia seu repertório de palavras estáveis – ou seja, palavras que consegue reconhecer mesmo sem saber ainda ler convencionalmente.
Atividades de escrita
• nomes dos colegas, para identificar atividades realizadas;
• nomes dos colegas em uma agenda de telefones e endereços;
• lista dos títulos das histórias preferidas pela classe;
• lista de nomes dos personagens de determinada história;
• lista dos ingredientes de uma receita;
• títulos dos livros na ficha de controle da biblioteca de classe;
• lista de nomes dos personagens do programa preferido pela criança.

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_acao/pcnacao_alf.pdf


Faz sentido oferecer textos a estudantes não-alfabetizados?



Canções, poesias e parlendas são úteis para se chegar à incrível mágica de fazer a criança ler sem saber ler. Quando ela decora uma cantiga, pode acompanhar com o dedinho as letras que formam as estrofes. Conhecendo o que está escrito, resta descobrir como isso foi feito. Se o aluno sabe que o título é Atirei o Pau no Gato, ele tenta ler e verificar o que está escrito com base no que sabe sobre as letras e as palavras - sempre acompanhado pelo professor. O leitor eficiente só inicia a leitura depois de observar o texto, sua forma, seu portador (revista, jornal, livro etc.) e as figuras que o acompanham e imaginar o tema. Pense que você nunca viu um jornal em alemão. Mesmo sem saber decifrar as palavras, é possível "ler". Se há uma foto de dois carros batidos, por exemplo, deduz-se que a reportagem é sobre um acidente. Ao mostrar vários gêneros, você permite à criança conhecer os aspectos de cada um e as pistas que trazem sobre o conteúdo. Assim, ela é capaz de antecipar o que virá no texto, contribuindo para a qualidade da leitura.

Fonte: Revista Nova Escola - Março/2003